30 de October de 2025 Artigo
6 min

O Catecismo do Concílio de Trento, ou Catecismo Romano

O Catecismo de Trento estabeleceu a regra de fé. Saiba como ele surgiu, por que é legítimo e seu papel na catequese.

Equipe Centro Dom Bosco

Equipe Centro Dom Bosco


Todos os católicos minimamente bem formados sabem da importância de um catecismo para a vida da Igreja: uma obra que apresenta, de forma sistemática, o que um cristão deve crer, fazer, receber e pedir. Compreende, assim, o Credo, o Decálogo, os Sacramentos e a Oração.

Poucos, no entanto, conhecem o primeiro e mais importante catecismo da história da Igreja, conhecido como Catecismo do Concílio de Trento ou Catecismo Romano.

A etimologia da palavra catecismo vem do grego antigo κατηχισμός (katekhismós), que significa "instrução oral" ou "pregação". Assim, os sacerdotes “faziam ouvir” aos fiéis a doutrina da Santa Igreja por meio do catecismo. Originalmente, esse ensino designava-se como instrução aos catecúmenos, referindo-se ao exame que todos os que desejavam receber o Batismo deveriam prestar — como ocorre até hoje.

Os Catecismos Católicos e os Catecismos Protestantes

Com o advento da imprensa, no século XVI, a inovação pedagógica permitiu que os livros — cuja finalidade principal era ensinar a fé — passassem a ser impressos. A partir de 1525, na Alemanha, Lutero foi um dos primeiros a aplicar o tradicional catecismo ao próprio livro de instruções, expondo sistematicamente seu ensino em linguagem simples e popular.

Os católicos, naturalmente, vendo essa inovação, adotaram-na sem dificuldades. Isso fez com que, mais tarde, os protestantes reivindicassem para Lutero não apenas a introdução do nome “catecismo” para esse tipo de livro, mas também a invenção do atual Catecismo Romano. Porém, como testemunha a própria história, o catecismo é um patrimônio legítimo da Igreja Católica.

Se é verdade que, na Alemanha, o novo formato de um catecismo impresso foi adotado primeiro por protestantes como Lutero e André Althamer, também é fato que, para conferir maior autoridade ao ensino nas igrejas e escolas, trabalharam nesse mesmo sentido figuras como São Pedro Canísio (na Alemanha), Edmundo Auger (na França) e São Roberto Belarmino (na Itália). Sem depender de Lutero, foram levados, por seu exímio método pastoral, a dar maior importância à catequese de crianças e adultos. E mesmo na América houve catecismos católicos anteriores aos protestantes.

Assim, fica provado que não cabe a Lutero — nem aos demais "reformadores" — a criação formal de um catecismo. Ele apenas apropriou-se do nome. Quanto ao conteúdo, chegou mesmo a se inspirar em antigas tradições da Igreja — como não poderia deixar de ser, sendo ele um ex-frade, ou, nos termos mais exatos, um frade excomungado.

Esse fato é facilmente verificável, pois, já em 1256, Santo Tomás de Aquino expôs, em cinco opúsculos separados, o Símbolo dos Apóstolos, o Pai-Nosso, a Saudação Angélica, o Decálogo e os Sacramentos. Logo, não é temerário afirmar que já havia, antes de Lutero, uma ordem tradicional de matérias doutrinárias.

O Surgimento do Catecismo Romano

É verdade que, mesmo no século XVI, ainda não havia um catecismo com unidade de plano, e que variações linguísticas — como nos catecismos alemães da época — comprometiam a exatidão da doutrina, tornando-os menos eficazes no combate aos erros.

Dessa realidade surgiu a conclusão presente na introdução do Catecismo Romano:

“Como Deus é um, uma é a fé; uma também deve ser, para todos, a regra prescrita de ensiná-la e de instruir o povo cristão em todos os ofícios de piedade.”

Promulgado por ocasião do Concílio de Trento, o Catecismo Romano tornou-se obrigatório para todos os sacerdotes desde então. Trata-se do primeiro catecismo universal da história da Igreja, recomendado por todos os Papas desde o século XVI. Segundo o Papa Leão XIII, é “notável ao mesmo tempo pela riqueza e exatidão de doutrina, e pela elegância de estilo [...] um precioso resumo de toda a teologia dogmática e moral.”

A elaboração do Catecismo demorou tanto quanto o próprio Concílio — o maior da história da Igreja. São Carlos Borromeu foi uma espécie de supervisor vigilante dos trabalhos e, em 15 de abril de 1565, dezesseis meses após o encerramento do Concílio, escreveu que o Catecismo estava, enfim, concluído.

O cuidado e o zelo empregados na redação da obra não devem surpreender ninguém: trata-se de um manual no qual o sacerdote de todos os tempos aprende, pessoalmente, a arte sobrenatural de viver pela fé. E assim transmite a verdade integral a todos os católicos de todas as épocas.

Os ministros ficam capacitados a ensinar ao povo — pequenos e grandes — por meio de uma doutrina viva, com uma fé inalterável, fazendo a alma repousar no conhecimento da verdade eterna. Além disso, é a melhor ferramenta para a refutação do erro, pois, “conservando o espírito de amor e caridade, este Catecismo”, como afirma sua introdução, “se eleva acima de todas as contingências, no tempo e no espaço.”

Na Carta Pastoral Coletiva das Províncias Meridionais do Brasil, de 1915, por ocasião da tradução do Catecismo para a língua vernácula, determinou-se:

“Mandamos que todos os reverendos párocos adquiram o Catecismo Romano, também chamado Catecismo do Concílio de Trento, e por ele ensinem aos adultos tudo o que devem saber sobre o Símbolo dos Apóstolos, os Sacramentos, o Decálogo, a oração e os preceitos da Igreja.”

A Tradição fala por si

Concluímos, assim, sobre a importância e a magnanimidade deste catecismo para toda a Igreja, reafirmadas pela voz dos Papas, Santos e Doutores:

Papa Leão XIII: “Nenhum outro catecismo é tão completo e exato na exposição da fé católica como o Catecismo de Trento.” (Aeterni Patris, 1879)

Detalhe de uma pintura histórica mostrando o Papa São Pio V (Antonio Ghislieri), com longa barba branca e vestes papais vermelhas (mozeta e camauro), em oração. Ele está olhando para baixo e segurando um pequeno crucifixo, que repousa sobre um livro de canto ou missal aberto, destacando sua devoção.

São Pio V: “O Catecismo Romano é um monumento de doutrina segura e exata, estabelecido pela autoridade do Concílio de Trento, para guiar os pastores de almas em suas tarefas catequéticas.” (Quo Primum, 1570)

São Pio X: “O Catecismo do Concílio de Trento deve ser considerado o principal compêndio da doutrina católica, e deve ser usado como um guia seguro na instrução da fé.” (Acerbo Nimis, 1905)

São Carlos Borromeu: “O Catecismo de Trento deve ser a norma e o guia de todos os catequistas, pois contém uma exposição clara e precisa da doutrina católica.” (Acta Ecclesiae Mediolanensis, 1582)

São Francisco de Sales: “O Catecismo Romano é uma obra que ilumina a mente dos fiéis com a luz da verdadeira doutrina e os conduz no caminho da salvação.” (Introdução à Vida Devota, 1609)

Papa Clemente XIII: “O Catecismo do Concílio de Trento é uma obra de grande valor, que deve ser estudada e seguida por todos os que desejam permanecer fiéis à doutrina da Igreja.” (In Dominico Agro, 1761)

Papa Gregório XVI: “Entre os melhores e mais seguros compêndios da doutrina católica, o Catecismo do Concílio de Trento ocupa o lugar mais alto.” (Mirari Vos, 1832)
Papa Bento XV: “O Catecismo do Concílio de Trento é um tesouro inesgotável de sabedoria e verdade católica, que deve ser conservado e transmitido com zelo.” (Spiritus Paraclitus, 1920)

Viva Cristo Rei!

 

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