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Torne-se membro ->Se nos dias de hoje, muitos católicos têm relativizado o papel da maçonaria, o mesmo não ocorreu na década de 1870.
Naquela época, as maquinações da maçonaria eram tão evidentes que Dom Macedo Costa, bispo da Diocese de Belém do Pará determinou a expulsão dos maçons das irmandades e associações religiosas de sua diocese. A medida foi tomada após o prelado constatar que membros da sociedade secreta ocupavam cargos internos nas irmandades, influenciavam decisões religiosas e resistiam abertamente às orientações de Roma.
De acordo com documentos oficiais, a medida visava preservar a integridade da fé e assegurar que confrarias e associações religiosas fossem dirigidas apenas por fiéis plenamente alinhados à doutrina católica. A iniciativa seguiu diretamente as orientações da Santa Sé, recebendo apoio Papal direto no breve "Quamquam dolores", documento que declarava a maçonaria brasileira excomungada.
A decisão provocou forte reação de grupos anticlericais e veículos de imprensa maçônicos, resultando em ataques coordenados contra instituições católicas e em perseguição jurídica inédita na história do Brasil — até então.
Fundamentação eclesiástica
As normas doutrinárias da Igreja sempre estabeleceram a incompatibilidade absoluta entre a fé católica e a filiação à maçonaria.
A condenação à maçonaria é reiterada em inúmeros documentos pontifícios, dentre os quais destacamos:
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In eminenti apostolatus specula (1738), de Clemente XII
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Providas Romanorum Pontificum (1751), de Bento XIV
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Quo Graviora (1825), de Leão XII
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Quanta Cura (1864), de Pio IX
- Humanum Genus (1884), de Leão XIII
Repercussão no Brasil
A determinação de Dom Macedo Costa coincidiu com medidas semelhantes adotadas por Dom Vital Maria Gonçalves de Oliveira, bispo de Olinda.
A pressão política e jurídica da Maçonaria culminou na prisão dos dois bispos pelo Império Brasileiro, desencadeando a chamada Questão Religiosa (1872-1876).
Segundo o historiador Pe. Raphael Galanti, a resistência maçônica dentro das próprias confrarias católicas transformou-se em articulação política contra as normas eclesiásticas, intensificando o conflito com a autoridade religiosa.
Em Olinda, age Dom Vital:
"Ordenou, portanto, o Bispo que as irmandades eliminassem do seu grêmio os membros notoriamente maçons. Quase ninguém obedeceu, e o diocesano, em seguida às três admoestações canônicas, sotopôs ao interdito as igrejas e as capelas das irmandades refratárias." e a maçonaria local revoltada reage: "Apelaram, então, os maçons para o governo. Pediram a expulsão dos jesuítas e protestaram que não queriam obedecer ao Papa, mas unicamente ao imperador...".
Alguns religiosos, mais vinculados à ideais liberais, foram suspensos de ordem:
"Tendo Dom Vital... suspendido, por diversas razões, o Deão Francisco de Faria, houve, no dia 14 do referido mês, grande reunião popular [maçônica] a fim de felicitar o dito Deão pelo fato de ter sido privado do uso das ordens."
Membros maçons de lojas locais escalaram os atos de violência:
"Deram, nessa ocasião, ao Colégio dos Jesuítas, um assalto repentino, que durou uma hora inteira. Espancaram diversos padres e feriram gravemente um deles. Um irmão, que estava doente, faleceu durante a noite. Do que se achava no andar térreo, quase tudo foi destruído ou roubado. Na capela, salvou-se apenas o altar, graças à coragem heroica de algumas senhoras, que ali se esconderam e protestaram que, "a retirarem-se, preferiam morrer". e continuaram a vandalizar outros locais: "Do Colégio dos Jesuítas, passaram os tumultuantes à tipografia do jornal católico União, onde destruíram tudo. Atiraram os tipos ao rio e queimaram publicamente, na rua, o retrato do Papa Pio IX."
Paralelamente, o Pe. Raphael Galanti escreve que, no Pará, ocorria situação semelhante:
"Como os jornais do Pará, particularmente o Pelicano — órgão da maçonaria — publicassem toda sorte de blasfêmias contra a religião, o bispo D. Antônio de Macedo Costa escreveu, a 25 de março de 1873, uma Instrução Pastoral na qual, depois de demonstrar o que é a maçonaria debaixo do tríplice aspecto moral, religioso e social, passou a proibir a leitura do Pelicano, e a dizer que os conhecidos publicamente como maçons, ao recusarem abandonar a maçonaria, deveriam sair das irmandades, sob pena de ficarem estas suspensas."
Assim como em Pernambuco, os membros da maçonaria consideravam-se donos das irmandades católicas e recusaram-se a submeter-se à autoridade superior:
"Havendo, pois, duas Ordens Terceiras e três irmandades recusado obedecer, o prelado, tendo-as primeiro admoestado canonicamente, as suspendeu e lançou o interdito nas capelas das mesmas."
Contudo, a administração imperial, desde a Independência do Brasil, foi construída sob forte influência de organizações maçônicas. Nesse contexto, os bispos acabaram sendo acusados judicialmente:
"No dia 7 de novembro, o governo imperial ordenou ao Procurador da Coroa promover a acusação contra D. Antônio, porque este se recusava a levantar o interdito, conforme lhe fora ordenado." culminando na prisão dos bispos, "Preso a 2 de janeiro de 1874, o Bispo de Olinda embarca às 5 horas e chega à capital do Império no dia 19, sendo recolhido, no dia seguinte, ao Arsenal da Marinha. No dia 22 de fevereiro, é condenado a quatro anos de prisão com trabalhos..."
Sobre o bispo do Pará, Pe. Galanti continua:
"O Supremo Tribunal de Justiça proferiu, a 24 de março de 1874, sentença de pronúncia e expediu ordem de prisão contra o Bispo do Pará, que, sendo preso em Belém a 28 de abril, chegou à Corte no dia 19 de maio e foi, no dia 1º de julho, condenado a quatro anos de prisão com trabalhos. O Imperador, a 23 do referido mês, mudou essa pena para quatro anos de prisão simples, a cumprir em qualquer das fortalezas do Porto do Rio de Janeiro."
E conclui dizendo que:
"Tendo, afinal, caído o gabinete Rio Branco, organizou-se, a 25 de julho de 1875, o Ministério Caxias.
Então, a Questão Religiosa terminou pela anistia, e, a 3 de setembro, o Imperador concedeu-a ao Bispo de Olinda e ao Bispo do Pará, bem como aos outros eclesiásticos que sofriam pela mesma causa.".
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